Fusões e aquisições multimilionárias batem recordes

Desde o início do ano foram anunciados mais de 30 negócios acima de dez mil milhões de dólares.

O apetite das empresas por grandes negócios aparenta estar cada vez maior. Desde o início do ano, foram anunciadas mais de 30 operações de fusões e aquisições avaliadas em mais de dez mil milhões de dólares (8,9 mil milhões de euros), segundo dados preliminares da consultora Dealogic, divulgados ontem. No total, os negócios anunciados acima daquela fasquia totalizaram 867,2 mil milhões de dólares (775 mil milhões de euros). "A actividade e o volume semestrais são os mais elevados desde que há registo", referiu a consultora.

Uma das explicações para esta onda de grandes negócios reside nas condições de financiamento.Com os juros em valores mínimos, os administradores de empresas tentam tirar partido desse factor para satisfazer o apetite comprador de forma a conseguirem fazer crescer de forma mais rápida e a conseguirem aumentar a rentabilidade. Outro dos objectivos passa por as empresas conseguirem defender a sua posição no mercado.

Apetite dos EUApor empresas europeias bate máximosAlém daqueles factores, o apetite de empresas norte-americanas por companhias europeias também aparenta não ficar saciado. O valor das fusões e aquisições lançadas por entidades dos EUAsobre empresas europeias bateu um novo recorde semestral, situando-se em 109,4 mil milhões de euros. Grande parte deste montante é explicado pela oferta de 43 mil milhões de euros da Monsanto sobre a empresa suíça Syngenta. Apesar dos valores deste negócio, esta operação do sector agroquímico está longe do pódio das maiores operações de fusões e aquisições registados este ano.

A oferta de 72,8 mil milhões de euros) anunciada emAbril pela Royal Dutch Shell para comprar a BGGroup lidera a lista dos mega-negócios. Este negócio foi motivado por sinergias e pelo aumento da carteira de activos e de exploração de gás e petróleo da Royal Dutch Shell.

O segundo maior negócio desde o início do ano foi a oferta lançada pela Charter Communications sobre a Time Warner Cable, operação avaliada em 71,1 mil milhões de euros. A empresa alvo desta oferta esteve também na mira da Altice, que comprou a PTPortugal. O interesse da empresa liderada por Patrick Drahi foi uma das razões para a Charter tivesse de subir a parada para se conseguir tornar na segunda maior operadora de cabo nos EUA.

O último lugar do pódio pertence à oferta da Energy Transfer Equity pela empresa de energia Williams Companies, avaliado em 63 mil milhões de euros.

Jogo das aquisições dominados pelos gigantes e pelos EUAApesar das operações multimilionárias terem batido recordes, o mesmo não se pode dizer de operações de menor dimensão. O valor total envolvido em operações de fusões e aquisições é de dois biliões de euros em 2015, o segundo melhor semestre de sempre. Mas o número de negócios caiu 13% face ao mesmo período do ano anterior para cerca de 17.700.

As operações de fusões e aquisições são cada vez mais um jogo de gigantes. Se no primeiro semestre do ano passado o valor médio das operações era de 161,7 milhões de euros, este ano o montante médio é de 232,3 milhões de euros, uma subida de 38%.

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